Título: Conscientização da comunidade é a saída para crise
 
Norival Carneiro Rodrigues, o Nori, acredita na ajuda da comunidade para sair da crise financeira
 
Uma ampla e profunda conscientização da comunidade mariliense é uma das principais alternativas para que a Santa Casa de Misericórdia de Marília saia da crise financeira que atravessa a mais de uma década. A afirmação é do tesoureiro geral da entidade, Norival Carneiro Rodrigues, que pela segunda vez assumiu o cargo que considera complicado, mas que vem se dedicando como voluntário para ajudar a amenizar a situação financeira que é grave. “Estamos muito sozinhos”, disse o tesoureiro. “A Santa Casa é de todos, mas poucos estão envolvidos e preocupados com o futuro do hospital”, falou ao acreditar que dos 200 mil habitantes da cidade, pelo menos uma vez cada um esteve na Santa Casa de Marília.

Com uma dívida que varia entre sete a dez milhões de reais, Norival Carneiro Rodrigues acredita que somente com uma adequação da tabela de atendimento do Sistema Único de Saúde de no mínimo 40% à mais do que o Governo Federal repassa atualmente, além de abertura de linhas de crédito a fundo perdido ou então através do BNDS, é que todo o sistema das Santas Casas de Misericórdia existentes no país será melhor. “A situação de Marília é preocupante, mas existem cidades que estão bem piores”, disse o tesoureiro geral que chega a passar dias dentro do hospital à procura de soluções para problemas prioritários. “Mas a luz divina sempre se faz presente e conseguimos encontrar uma solução para cada problema que surge”, falou.

Com 70% de atendimento ao Sus, 25% através de convênios médicos, sendo desse total 20% somente com a Unimed e apenas 5% de atendimento particular, algumas obras que estão em andamento no hospital estão sendo feitas através de campanhas e doações da comunidade. “Mas ainda é pouco”, constatou Norival Carneiro Rodrigues, conhecido também por Nori. “Cada obra que iniciamos, chega a ficar três vezes mais caro, em razão de ter que se fazer tudo novamente por causa da precariedade que o prédio se encontra”, explicou ao lembrar que nenhuma obra foi feita por completo nos últimos 20 anos. “Por onde se anda no hospital, é preciso fazer alguma obra”, constatou.

Na opinião do tesoureiro geral da Santa Casa de Misericórdia se houver um envolvimento maior da comunidade em ajudar o hospital na compra de equipamentos ou na execução da obra, a comunidade ganharia com isso. “Não precisa ser em dinheiro”, ressaltou Norival Carneiro Rodrigues. “A ajuda pode ser em doação de equipamento ou material de construção”, avisou. “O importante é que a comunidade compreenda que havendo um hospital em condições de atendimento, toda a população será atendida”, explicou ao lembrar que qualquer doação é bem vinda. “Quem ajudar, se sentirá melhor como ser humano”, acredita.

A liquidação da dívida é quase impossível, segundo o tesoureiro. “São dívidas de mais de dez anos”, falou ao lembrar que após o Governo Collor o repasse na saúde ficou pior, com cortes e diminuição de percentuais do Sus. “Existem valores na tabela atual do Sus, que não cobrem os custos, havendo pacientes que são deficitários para o hospital”, falou preocupado ao constatar que a demanda de pacientes sempre é crescente. “A profissionalização da direção e a qualificação do quadro clínico são os pontos altos do serviço prestado para a população”, frisou na esperança de um maior envolvimento da comunidade aos problemas do hospital.