Título: Nunca trair a confiança das crianças de que o mundo é bom!
 
Tenho debaixo do braço o jornal do dia. Acabo de chegar das montanhas da Serra da Mantiqueira onde, por alguns dias, tive a alegria de conviver intensamente com alguns dos meus “tesouros terrenos”: os filhos, o genro, a nora (que também se tornaram filhos) e os três netos (Ana Luiza, com 3 anos e meio, Carolina com quase dois anos e Pedro, com 10 meses). Novamente, pude sentir, com grande intensidade, como as crianças confiam em nossas ações, que as defenderemos e as protegeremos de todo o mal e de todo e perigo. Pela primeira vez, Ana Luiza andou a cavalo (sozinha!!!), pois confiou integralmente no tio que a incentivou e, sobretudo, a orientou e a protegeu. Ela confiou e não foi traída. Que bom que assim o foi!

Abro o jornal O Estado de São Pulo (27/02/2004) e leio: ”23% dos usuários de drogas, em São Paulo, têm até 15 anos”, conforme perfil do drogado e do traficante elaborado pelo Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), baseado em dados de 2003, e que este número foi bem menor nos anteriores. Portanto, temos uma curva ascendente. Faço, então, as seguintes constatações:
* que as ações promovidas pelas três instâncias de governo e pelas várias iniciativas não governamentais se mostram insuficientes em defender as Crianças da iniciação às drogas;
* que se fala muito e se faz pouco;
* que a solução está na ação conjunta das forças da comunidade em defesa da família e, por conseqüência, de suas Crianças;
* que o foco eficaz deste apoio às famílias não está no mero combate às drogas e ao uso abusivo (que deve continuar a ser feito de forma forte e permanente) e sim no fortalecimento dos valores que tornam a família em água viva para seus membros e que transborda naturalmente sua ação para a comunidade. Quais são as funções familiares que devem ser fortalecidas prioritariamente? Para mim, são os seguintes:
*promoção e transmissão de seus próprios valores;
*cuidado corporal de seus membros;
*promoção das atividades de lazer;
*fortalecimento das relações familiares e sociais;
*apoio às atividades produtivas;
*promover ações que visem o fortalecimento do caráter dos seus membros, como base de construção de sua auto-estima e do desenvolvimento espiritual;
*transcender o imediato, com posturas claras e objetivas;
*ser coerente e perseverante nas ações – primeiro eu;
*ser presente; ser elogiosa; ser, enfim, comprometida com a visa.

Desta forma, estaremos correspondendo à confiança incondicional depositada em nós pelas Anas Luizas, Carolinas e Pedros, que são colocados em nosso convívio pelo Pai de todos nós, no qual confiamos e depositamos os nossos recursos sempre limitados.

Na Esperança,
Neube José Brigagão
Presidente da Febrae (Federação Brasileira de Amor-Exigente)

Colaboração de Vera Gelas, coordenadora de AE em Marília