Título: Crises
 
A família pós-moderna vem passando por situações estressantes nunca antes imaginadas. São vários eventos desencadeadores de tensões, medos, que deixam as pessoas em “ponto de bala”. Sofrem-se, hoje, o temor das dificuldades financeiras, doenças, desemprego, insegurança, morte, separação, drogas, criação de filhos e tantos outros receios causadores da pressão cotidiana, que às vezes nos parecem enlouquecer. Meus pais sempre diziam que todo mundo, em algum momento de suas vidas, passa por dificuldades, tensões ou ansiedades, sendo essas sensações, quando bem administradas, benéficas, até essenciais como alavancadoras de mudanças, da evolução humana, do progresso. Uma crise ocasional de ansiedade ou medo pode ser desagradável, mas é perfeitamente normal, e não deve ser motivo de preocupação. Porém, quando problemas sem importância ou pequenas decepções nos deixam irritados, agitados, confusos, quando achamos difícil lidar com os outros, e os outros estão tendo dificuldade em lidar conosco, quando receamos pessoas ou situações que antes nunca nos incomodaram, desconfiamos dos amigos, cônjuges, filhos, sentimo-nos incapazes, sofremos agonias de dúvidas sobre nós mesmos, é possível que estejamos passamos por alguma crise existencial.

“Com o tempo, tudo se cura”, reza o ditado. No entanto, a experiência da vida mostra que muita gente não consegue recuperar-se de uma crise, apesar da promessa da cura pelo tempo. Nessas ocasiões, é importante enfrentamos ativamente experiências dolorosas, tais como a doença, a morte, o uso de drogas na família, o divórcio ou a perda de um emprego. Alguns procuram encarar os fatos realisticamente, outros preferem colocar a culpa em Deus, no destino ou em terceiros. Mas a verdade é inexorável: no fim das contas, temos de assumir a responsabilidade pela condução de nossas próprias vidas. De nada adiantara autopiedade, atitudes de sofredor, de mártir, de vítima, pois isso só nos afastará da realidade, pode tornar-nos solitários, deprimidos e tristes. Comportamentos de autocomiseração despertam nas pessoas apenas sentimentos de piedade, nunca de respeito, confiança ou admiração.

Existem vezes que surgem dificuldades relacionais, por problemas transitórios. Mas em igual número de vezes, hábitos e atitudes antigos das pessoas podem produzir o conflito. Essas forças internas ou externas tendem, às vezes, a acumular-se, tornando ainda mais séria a situação. Quando alguma coisa o preocupar, não a reprima. Confidencie seus temores a uma pessoa equilibrada em quem você possa cofiar, seu marido ou mulher, pai ou mãe, um bom amigo, padre, médico, grupos de auto-ajuda...Conversar sobre as coisas ajudá-lo a aliviar a tensão, auxiliará você a ver sua preocupação, de maneira racional, clara, poderá ajudá-lo até a encontrar o seu norte.

Entretanto, quando uma crise se torna persistente, grave demais, deve ser considerada como uma doença que necessita de tratamento, procure então orientação profissional ou de instituições sérias, dispostas sempre a ajudar como, por exemplo, o Amor Exigente.

Lembre-se de que a busca da paz de espírito ou da boa saúde mental é universal. No entanto, poucos de nós temos a sorte de possuirmos todas as condições internas e circunstâncias externas para assegurá-las. Temos de trabalhar para consegui-las. Isso significa procurar alcançar um melhor entendimento de nós mesmos e dos outros. Significa resolver nossos problemas, nós mesmos, e procurarmos ajuda quando necessário. Uma coisa imprescindível para nossa paz interior é buscarmos uma filosofia de fé: Fé em Poder Superior; Fé em nossa capacidade e na dos seres humanos de resolvermos os problemas em cooperação; Fé nos valores espirituais, morais e na decência essencial da humanidade. Essa fé nos fará vencer as crises, que poderiam de outro modo destruir-nos.

Onofre Fidelis – coordenador regional do Triângulo Mineiro
Colaboração de Lucila Costa, coordenadora regional de AE em Marília