Título: Educar é fazer futuro
 
É complicado abandonar o olhar super protetor, carregado de um amor Infinito para olhar os filhos sem pieguice, sabendo que dali deverá surgir alguém capaz de gerir a vida.

Muitos pais desculpam seus filhos quando procedem de maneiras pouco recomendáveis. Acreditam que as crianças devem ser desculpadas quando dizem uma mentira, quando falam alguma coisa e depois desmentem, quando fazem uma maldade e atribuem a culpa a terceiros se justificando. Não existem desculpas, existem “dez – culpas”.

A psicanálise sempre considera a criança, assim como o adolescente um sujeito que deve desde cedo aprender a ser responsável. Por isso dizemos que a educação vem do berço, pois é a lei colocada de acordo com o entendimento dos pais, sendo a disciplina do limite, que permite à criança aprender a não ter medo da verdade e nem se esconder por trás de uma super proteção que, de fato só consegue debilitá-la.

Proteger não é bom porque sugere que a pessoa não dá conta sozinha e trás insegurança. Essa pessoinha amanhã será um homem ou uma mulher e terá que retirar de si, dos recursos que a educação lhe forneceu para lidar com a dureza da realidade, com as fatalidades da vida, com o que nem sempre nos favorece, e só uma posição firme, e uma pessoa com recursos estruturados pode suportar.

É desde cedo que começamos a transmitir noções de juízo, de certo e errado, e impedirmos que as crianças se tornem pessoas caprichosas e exigentes. E não são poucos os adolescentes que agem assim, omitindo-se quando deveriam assumir seus erros e pagar por eles. E são esses adolescentes que serão os homens do futuro. Filhos devem ser educados, mesmo que signifique aplicar sanções que doam não apenas neles, mas também nos pais. È suportar e admitir imperfeição no filho e em si mesmo. Nós também nos educamos através dos nossos filhos.

Mas, indubitavelmente é da infância e da família que deve vir a noção de mundo. Viver em sociedade é saber dos limites que precisamos para lidar com o outro. Quem se acredita onipotente e poderoso para realizar seu desejo sem pensar no outro é excelente candidato à corrupção, à perversão, à delinqüência, pois não precisa restringir seus desejos.

Nós estamos construindo um mundo para nossos filhos e netos, por isso vamos arregaçar as mangas e não tenhamos medo de cercear nossos filhos, pois o que hoje pode fazê-los chorar por frustração de seus caprichos, amanhã poderá torná-los fortes e maduros capazes de enfrentar a realidade, com toda frustração que ela nos trás, porém sem desanimar.

Lucila Costa, coordenadora reginal de Amor Exigente em Marília
Texto publicado no Informativo Febrae