Título: As influências do lazer na família
 
Juntamente com as necessidades de segurança, alimentação e educação, o lazer esteve presente na vida das pessoas. Quando falamos em necessidade, o fazemos com o sentido da exigência. Isto significa que, para o completo desenvolvimento das pessoas, o lazer é um fator indispensável.

Neste sentido, está provado que a ausência do lazer pode levar a estresse, depressão, irritação, etc., porque internamente com a pessoa perdeu seu equilíbrio emocional. O viver bem, ou buscar a harmonia interna, deve ser uma preocupação de qualquer pessoa. Não só convencer-se disso, mas buscar os meios necessários é um grande desafio numa sociedade competitiva como a nossa. Uma das instituições mais afetadas por este clima é certamente a família. É a caixa de ressonância da sociedade e a principal atingida por esta situação. Muitos pais não conseguem dedicar o tempo necessário à convivência familiar e nem buscar formas de lazer ou de entretenimento, pois o meio em que vivem exerce uma grande pressão. Nas famílias ricas, os pais têm que se preocupar em manter aquilo que herdaram ou conquistaram. Nas de classe média, as despesas aumentam cada vez mais. E nas menos favorecidas, na busca para conseguir o mínimo necessário para as necessidades básicas os pais pouco podem se preocupar com atividades de lazer. O lazer, embora necessário e fundamental, não consegue mais ter um destaque na vida familiar.

Todavia, é inegável que existe a possibilidade de buscar momentos de lazer. A questão é de opção e prioridade. A prova está em que, independentemente da classe social familiar e das pressões, encontramos situações favoráveis a um ambiente de lazer. Para uns pode ser um esporte ou uma brincadeira qualquer. Para outros, o cinema. Para alguns, ainda, o lazer está nos passeios ou viagens. O fato é que todos podem ter seus momentos de satisfação e harmonia usando um pouco a criatividade.

Dizer simplesmente que a família não tem mais tempo para o lazer parece ser um costume ou um chavão fortalecido pela sociedade. É bem mais cômodo dizer que não se tem tempo do que construir e vivenciar um ambiente educativo? Ora, se isto é prioritário, deve-se buscar e investir na criação deste ambiente, que também passa pelos momentos de lazer. Encontrar o equilíbrio entre o trabalho e o lazer é o desafio para aquelas famílias que só se preocupam em ter e se esquecem do ser. Por isso, o que está fora de foco é a prioridade.

Os pais têm a bela e instigante missão de educar os filhos e, certamente, os momentos de lazer, que se transformam em momentos de convivência, são os mais marcantes desta função. Conviver significa compartilhar experiências, vivenciar momentos de alegria e tristeza. Brincadeiras, passeios, viagens, visitas a amigos e parentes são momentos que deixam para trás a necessidade de cumprimento de tarefas, de horários, de prestação de contas. Transformam-se em momentos de recuperação da vida emocional e da vida familiar.

Para isso, algumas situações devem ser levadas em consideração. Uma delas é a disposição dos pais e dos filhos para a convivência. Junta-se a isso a criatividade em transformar ações diárias em momentos de lazer. Por vezes, o costume de tomar chimarrão, como acontece em algumas partes do Brasil, pode tornar-se um momento prazeroso de convivência. Além disso, a família deve se preparar educando-se para o lúdico. Quem não vê, não sente ou não foi educado para o lazer sofre dificuldade quando tenta buscá-lo.

É necessário identificar as preferências. Não é possível condicionar todos os membros aos desejos de um ou de outro. É impossível aprender a organizar o tempo livre de forma a fazer aquilo que dá prazer se as preferências, os desejos, os sonhos não são reconhecíveis por todos. Fazer algo que só dê prazer aos pais é uma atitude egoísta. Igualmente, se só favorecer os filhos.

Diante disso, é possível dizer que o lazer: deve ser encarado como algo a mais do que simplesmente um prêmio recebido por merecimento na empresa ou no trabalho; deve ser entendido como experiência humana que proporciona uma realização pessoas e uma vivência familiar com desenvolvimento de valores próprios; e deve ser visto como uma oportunidade de buscar qualidade de vida. Entendido desta maneira é fácil superar a visão mercantilista do lazer, para transformá-lo numa possibilidade de crescimento interior e de harmonia interna.

Buscar novo sentido e novas significações para p tempo livre e para o lazer é um desafio para os governantes, para os cidadãos e, principalmente, para a família.

Oswaldo Dalpiaz – publicado no Boletim Salesiano edição Jan/Fev de 2006
Colaboração de Lucila Costa, coordenadora regional de Amor-Exigente em Marília