O presidente do Sindicato Rural de Marília, Yoshimi Shintaku, demonstrou preocupação com a situação dos proprietários rurais e prevê dificuldades para a safra 2006/2007 em razão do longo período de estiagem sem as chuvas necessárias. Após duas safras de grãos afetadas negativamente por problemas climáticos e pela apreciação do real, os produtores se preparam para o início do plantio da safra 2006/2007 com um cenário não menos sombrio. “Lamentavelmente as previsões são preocupantes para o setor agrícola”, lamentou o dirigente que vem acompanhando a performance dos grandes centros e imaginando a situação dos pequenos proprietários. “Se os grandes estão cautelosos, os pequenos estão desesperados”, disse.
Diante do desempenho das vendas até junho e as primeiras informações sobre julho e agosto, a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) prevê uma queda de 5% nas entregas de fertilizantes este ano, depois de um recuo de 11,2% em 2005. Com isso, o volume entregue deve alcançar cerca de 19 milhões de toneladas, retornando ao nível de 2002. A avaliação é de que as dívidas contraídas nas safras passadas vão prejudicar a capacidade dos produtores de investir, levando à redução nas áreas plantadas e também no uso de tecnologias, como fertilizantes e máquinas agrícolas. “A falta de políticas públicas para a agricultura é cada vez problemática”, disse o presidente que vem insistindo em defender a necessidade de novas e modernas linhas créditos, subsídios e uma atenção especial para o produtor rural por parte dos governantes.
O cenário negativo para os grãos contrasta, no entanto, com as perspectivas positivas para a cana-de-açúcar, o café, os cítricos e a celulose. A queda de 3% nas entregas nacionais de fertilizantes entre janeiro e junho, por exemplo, traz contornos diferentes em cada região do País. As regiões Nordeste e Norte - onde se destaca o setor sucroalcooleiro - registraram alta de 12% nas entregas de fertilizantes nos seis primeiros meses do ano, enquanto na região Centro-Sul - onde prevalece a produção de grãos - a redução das entregas foi de 5,2%. “O Brasil é um País continental com contrastes visíveis”, falou. “Por isso a necessidade de uma preocupação com o setor, num todo, ao invés de se preocupar apenas com alguns setores”, opinou. |