Título: Grupo de Apoio: instrumento de espiritualidade e esperança
 
Eron Santos

“Humildade é Verdade”. Só me lembro de que esta definição é de autoria de Santo Agostinho, mas não me ocorre em qual de seus escritos ela aparece. Isto, porém, não é relevante.

O importante é que essa assertiva passou a integrar o acervo de princípios que passaram pelo crivo de minha valoração individual. Ser humilde é o mesmo que ser verdadeiro e vice-versa. Para mim, isso se constitui num valor inestimável, pois agrega pujança significativamente viçosa ao desenvolvimento consistente da espiritualidade, cujas raízes se fixam na própria estruturação da essência do ser humano.

Julgo fundamental observar que, normalmente, a espiritualidade é
conceitualmente tratada como uma atitude religiosa sem tanta necessidade de ligação explícita com o processo humano de construção, de desenvolvimento e de aperfeiçoamento de uma qualidade de vida cada vez melhor. Portanto, a atitude religiosa não esgota a verdadeira dimensão da espiritualidade humana, pois todos os atributos responsáveis pela qualidade de vida, inclusive o religioso, têm sua origem na atividade específica do espírito humano. Ele é o movente responsável por todos os eventos importantes, singulares e únicos que fazem do indivíduo um parceiro imprescindível na construção da história da humanidade. Por isso, a relação entre espiritualidade e qualidade de vida se dá num processo de necessária interdependência: o esforço de viver cada vez melhor em todos os aspectos humanos no dia-a-dia é resultado da atividade espiritual do homem e esta recebe, por sua vez, influxo do “status” em que se encontra a qualidade de vida.

Vamos agora ao que especificamente nos interessa: tecer algumas considerações sobre o grupo de apoio, que se constitui num feliz achado dos Programas que colocam a mudança de estilo de vida por alvo a ser atingido mediante a prática de ajuda mútua e da auto-ajuda. De fato, o Grupo de Apoio configura-se como um espaço onde as pessoas se reúnem visando à ajuda recíproca e ao fortalecimento do estímulo para se auto-ajudar.

O instrumento principal usado pelos participantes do grupo de apoio é a partilha de aspectos concretos de suas histórias d evida que, realmente, estão interferindo na construção de uma maneira de ser cada vez melhor.

No grupo de apoio do Amor-Exigente, o referencial de suporte para encaminhamento da discussão e retorno dos relatos das experiências de vida é constituído pelos 12 princípios básicos e 12 princípios éticos, mais especificamente os correspondentes ao mês em curso.

No grupo de apoio em funcionamento, desenvolve-se um autêntico processo educativo, e a coluna mestra desse processo é a partilha com aqueles atributos acima mencionados.

Espera-se, portanto, que a participação nesse processo influencie as pessoas constituintes do grupo a fazerem uma síntese das passagens mais importantes da partilha e que as mesmas possam servir de ajuda para essas pessoas descobrirem saídas para solucionarem seus problemas peculiares concretos ou emergentes.

Para concluir, afirmamos que o grupo de apoio é um instrumento valioso de esperança, virtude esta que não abandona quem lhe dá guarida, quem não rejeitou ajuda para faze-la crescer e produzir benéficos resultados.

Espera-se, enfim, que os participantes do grupo de apoio assumam conscientemente a convicção de que “sozinhos, estamos perdidos; em comunidade, obtemos nossa força”.

Eron Santos - Febrae
Colaboração: Lucila Costa coordenadora regional de Amor-Exigente.