Título: Déficit na balança comercial preocupa dirigente
 
Yoshimi Shintaku lamenta falta de políticas práticas para produtores de leite
 
O presidente do Sindicato Rural de Marília, Yoshimi Shintaku, considerou preocupante novo déficit na balança comercial do leite, anunciado pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA). A balança comercial dos produtos lácteos fechou o mês de setembro com déficit de US$ 6,5 milhões. De acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), as exportações sofreram uma queda de 34,8%, registrando US$ 8,5 milhões, contra US$ 13,1 milhões no mesmo período do ano passado. Já as importações dobraram em setembro de 2006, passando de US$ 7,5 milhões em 2005, para US$ 15 milhões em 2006.

Para Yoshimi Shintaku isso não é um bom sinal, o que reforça a conclusão da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em que este cenário é fruto da atual política macroeconômica, que mantém elevada taxa de juros e valoriza o real. “Lamentavelmente quem perde com isso, além da sociedade, é o produtor rural pois reduz a competitividade dos produtos lácteos nacionais no mercado internacional”, comentou o dirigente ao ressaltar que Marília é uma das principais bacias leiteiras do Estado de São Paulo.

Os números acumulados de 2006 (janeiro a setembro) revelam que o déficit da balança de lácteos chega a US$ 1,2 milhão. As importações acumularam US$ 108,6 milhões, frente às exportações de US$ 107,4 milhões. Segundo os técnicos da CNA, nos últimos anos, o setor investiu na ampliação e construção de novas fábricas, com o objetivo de se tornar grande exportador de lácteos. “A expectativa brasileira era exportar US$ 300 milhões, em 2006”, disse Yoshimi Shintaku. “Atualmente essa previsão já caiu pela metade”, reconhece ao acompanhar as informações sobre o mercado leiteiro. A salvação continua sendo o leite condensado, que arrecadou este mês US$ 5,1 milhões em exportações, principalmente para Angola (US$ 2,2 milhões) e Venezuela (US$ 2,1 milhões).

Para os produtores, é lamentável que em momento favorável de preços de produtos lácteos no mercado internacional – que registrou recuperação de mais de 70% de 2002 a 2005 – o Brasil perca a oportunidade de ocupar os mercados consumidores crescentes, como leste da Ásia e parte Leste e Norte da África. Com destaque para a China, que deverá ter um crescimento da demanda muito maior que a oferta e tem consumo per capita de menos de 20 litros/hab/ano. “No grupo de Países considerados como grandes produtores mundiais, o Brasil é o que tem a maior capacidade de aumentar a produção e as exportações”, acredita. “Mas a valorização do real prejudica a competitividade do produto brasileiro”, ressaltou Yoshimi Shintaku ao prever dificuldades para a próxima temporada. “Se o Governo não tomar uma providência, vamos ter problemas”, opinou.