Título: Porque eu freqüento o Amor-Exigente
 
Comecei a participar das reuniões por um problema de baixa auto-estima. Não, eu nunca usei psicotrópicos. Ali, existe uma tentativa de mudança de hábitos para se livrar de comportamentos – droga e não é só um lugar para adictos e/ou família dos mesmos.

O que eu aprendi lá?

Que a gente precisa crescer sabendo que é importante para as pessoas que estão perto da gente. Por isso tanta gente procura serviços de voluntariado ou missionário: porque não consegue se sentir importante com a família e com os parentes e amigos. É aquele que veste a máscara do “eu sou feliz” e vai aos bares, e conversa, “beija muito” e abraça a vovó no churrasco da família, mas na verdade está só. Porque não tem quem se sente para conversar com ele num sofá, quem tome um café com ele e passe a mão no seu rosto quando chorar, alguém que o abrace e o escute sem a intenção de sexo, ou desejo, mas que ache que ele é importante não porque é um anjo (com comportamento perfeito) mas porque é uma pessoa que dá aquilo que todo mundo busca: companhia.

Na maioria das vezes é melhor estar mal acompanhado do que só. Quem se isola não cresce, não sabe onde estão suas feridas para poder curá-las. Quem está perto das pessoas (não digo isso só no sentido físico, mas quando os corações estão em sintonia) pode melhor entender sua condição humana. A gente só deve se afastar do convívio de uma pessoa se houver algum dano (agora sim me refiro ao físico, uma agressão, uma violência gratuita) enquanto as diferenças estão só no nível mental/emocional, quanto maior o contato, melhor o desenvolvimento do traquejo social, melhor a convivência, melhor a qualidade de vida.

Freqüentando o Amor-Exigente percebi isto: todo mundo precisa de gente por perto. Não importa o que eles dizem lá, ou o que fazem lá ou o porquê estão lá. Importa que estão querendo sentir-se queridos, vivos e fazer com que os outros sintam isso também.

Quando você chega lá pela primeira vez eles dizem: “Você é a pessoa mais importante aqui hoje”. Pode ser que isso já seja uma frase decorada e repetida por hábito, mas ainda assim vale como reflexão – esse é o ponto: “você é a pessoa mais importante aqui hoje” você já sentiu isso? Já pensou nisso? Essa é a grande sacada: é justamente por isso que estamos vivos, é por isso que fazemos amigos, visitamos parentes, vamos a festas, à praça, ao clube, namoramos, casamos, temos filhos... para se sentir importante para alguém. E em última análise para nos sentirmos importantes para nós mesmos e para Deus ou ao menos contribuindo para um mundo melhor ainda que Ele não exista.

E sempre perseverar, ainda que tudo pareça repetitivo e estranho e que falte alguma coisa. Porque é o contato que nos faz crescer como pessoas. Por fim, eu descobri que a gente precisa de alimento emocional e é isso que eu encontrei no AE. Pode ser que você não encontre lá, mas não desista de procurar... nas igrejas, na família, nos amigos, nos grupos de apoio, porque disso todo mundo precisa.

Ivi Pastorelli Morita, 27 anos, mora em Votuporanga e participa de Amor-Exigente desde maio deste ano
Colaboração de Lucila Costa, coordenadora regional de Amor-Exigente em Marília