Título: ARTIGO - Primeiro princípio do Amor Exigente - Raízes Culturais
 
Nós do AE, temos nossas raízes vindas dos USA com o casal Phyllis e David York – terapeutas familiares e autores do livro Tough love. Nos anos 80 Pe. Haroldo, teve acesso ao livro e depois de lê-lo percebeu que aquelas regras ajudariam os pais dos dependentes químicos a se salvarem e darem aos seus filhos condições de se recomporem. Traduziu o livro e deu para D.Mara, nossa Coordenadora Nacional, fundar o movimento no Brasil. Ela não só fundou, com reescreveu o livro O que é Amor Exigente, adaptando-o para nossa cultura. Proposta simples, clara, objetiva, vai ao ponto no tratamento dos pais e dos filhos, leva-nos ao resgate dos nossos valores, tendo como lema, Eu amo você mas não aceito o que está fazendo de errado.

Com a criação dos grupos em várias cidades e estados surgiu a Federação Brasileira de AE - Febrae, instituída para preservar a integridade e fidelidade da proposta de trabalho com AE. Hoje o AE no Brasil é a maior rede de prevenção de drogas e álcool.

Quando falamos em raízes culturais, vem na nossa mente à palavra Família. “Família é a principal fonte de transmissão de valores e tradições culturais. Nós e nossos familiares somos produtos dos nossos tempos”.

Cheguei ao AE por causa das minhas raízes, dos meus valores que falaram mais alto, não podia mais continuar com aquela derrocada familiar. As coisas ruins continuavam acontecendo e não tinham fim. Tudo culminou com a morte do meu filho mais velho, que era usuário de drogas. A dor era imensa e eu sentia uma necessidade de fazer alguma coisa, não poderia simplesmente aceitar os acontecimentos, a morte dele não podia ser em vão. Parti do princípio que nossos jovens não podiam morrer e os pais não poderiam passar pelo que eu estava passando, as famílias não podiam aceitar passivamente as mudanças, por que são outros tempos. Assim chegou o Amor-exigente em Marília, essa valoro mudando o nosso comportamento frente aos inúmeros problemas que muitos pais estavam tendo.

Com um passo de cada vez, e vivenciando cada princípio nos meus comportamentos, refletindo e questionando antes de tomar qualquer atitude, aprendi a viver dentro desse mundo conturbado, apenas o que era bom para mim e minha família.

Analisar os verdadeiros valores que temos, ver quais os que consideramos imutáveis, e ao estarmos seguros de quais são, vamos agregando a família em torno deles, porque raízes culturais são a nossa identidade – nossa origem familiar, princípios e valores que herdamos, e é por eles que começamos a nossa construção como pessoa.
Existem na nossa vida desafios vitais que temos que enfrentar de maneira particular, e isso são coisas preciosas. Somos ciclo de uma história da humanidade porque milhares de pessoas que nos antecederam acumularam experiências e de alguma maneira nos transmitiram e isso é o que somos.

Podemos e devemos olhar para o passado, para a história, e reconhecer que tudo foi bom. Não podemos deixar simplesmente por modismo, perder o que nossos antepassados nos deixaram: A honra, a honestidade, o respeito e que as suas lutas sejam esquecidas.

As nossas raízes vêm dos papeis definidos na família: Esse é o pai e estas são suas responsabilidades e funções, esta é a mãe, a tia a avó, fazendo uma inter-relação mais sadia, e se ajudando mutuamente. Pais devem ser perceptivos, atentos e participantes. Devemos contar a nossa história familiar aos nossos filhos: através de fotos, explicando para eles quem é quem e como eles eram.

O Amor-exigente, não propõe mudarmos nossas raízes culturais, mas entender as mudanças que estão ocorrendo, aceitando as positivas e rejeitando as negativas, lembrando sempre que o respeito e a honestidade nunca vão cair de moda.

Lucila Costa – Coordenadora Regional de Amor-Exigente.