Título: Cana-de-açúcar começa a tomar espaço do amendoim
 
Yoshimi Shintaku vê com preocupação as mudanças de hábito na região
 
O presidente do Sindicato Rural de Marília, Yoshimi Shintaku, fez comentário sobre o avanço do plantio da cana-de-açúcar na região, que vem mudando o perfil agrícola de municípios que estão cedendo espaço para os canaviais, onde antigamente eram pastos ou plantios de café e amendoim. “A cidade de Tupã, por exemplo, já está substituindo boa parte das lavouras de amendoim para a cana-de-açúcar”, comentou o dirigente que passou pela região recentemente e observar a mudança que é visível.

Segundo pesquisas realizadas por institutos de monitoramento do comportamento agrícola no Estado de São Paulo, os números apontam concentração de 52% da área cultivada pela cana, tendo a principal região produtora a de Ribeirão Preto, mas por lá não há mais espaço para crescer, segundo os usineiros que estão arrendando terras para ampliação do plantio da cana. “Por isso, eles estão se expandindo para o centro-oeste paulista, onde estamos localizados, mesmo um pouco distantes das usinas”, falou Yoshimi Shintaku.

Dentro de dois anos uma usina deve se instalar no município de Tupã, mas as mudanças no mapa agrícola local já estão acontecendo: os canaviais também estão avançando rápido sobre a pecuária, que está diminuindo o raio de ação e está cedendo a área para os canaviais. “É possível observar tratores se preparando para retirar parte do pasto e preparar a terra para o plantio de cana”, constatou o dirigente ao acreditar que em breve esta situação deve alcançar a região de Marília, apesar da topografia irregular da região mariliense.

Existem casos em que famílias com mais de 30 anos criando gado leiteiro em fazenda de centenas de hectares, que estão mudando de hábito. “O agricultor está cansado de ter prejuízo um após o outro e passa a arrendar a área para o plantio de cana que não dá trabalho algum”, comentou o presidente do Sindicato Rural de Marília, preocupado com este comportamento que esvazia o campo e concentra os centros urbanos.

A cidade de Tupã, por exemplo, já foi conhecida como grande produtora de amendoim. Conta inclusive com um dos maiores complexos de secagem e armazenamento do grão do país, havendo uma organização muito interessante neste sentido, que está perdendo a força para a cana-de-açúcar. A área plantada, que já chegou a ser de 30 mil hectares, agora se resume a pouco mais de 16 mil, para o amendoim. O restante está sendo ocupado pelos canaviais. “E não é por falta de vontade de produzir”, chama a atenção o dirigente sindical. “O preço da cana está melhor”, afirmou ao apontar os motivos da mudança. “O agricultor que arrenda para a cana recebe uma renda mensal, sem ter despesa alguma”, comentou. “Ele prefere acabar com a pecuária e partir para a cana”, disse a lógica. “Quem cultiva o amendoim não tem condição de competir no preço a mesma renda da cana”, falou Yoshimi Shintaku ao afirmar que o Estado de São Paulo responde por 85% da produção nacional de amendoim, ainda.