Título: ARTIGO - Cada minuto tem que valer a pena
 
Márcio Medeiros

Esta semana recebi uma notícia muito desagradável. Um conhecido, que dias atrás era a pessoa mais irradiante possível no aniversário da mãe que completara 80 anos de vida, levou um golpe nos deixando muito preocupados. Pessoa atlética, inteligente, coronel militar e cidadão do mundo, foi vítima de um AVC e hoje está numa UTI, em situação muito delicada. Isso me fez pensar sobre o assunto, apesar de não ser uma novidade entre os seres humanos, pois todos nós estamos sujeitos a este ataque. O choque foi de que a morte nos ronda em todos os momentos e obrigou-me a refletir sobre esta questão, mais profundamente: cada minuto tem que valer a pena. A qualquer momento tudo pode acabar.
Passei a pensar num paradoxo. A partir do momento que nascemos, fazemos de tudo para termos uma vida mais maravilhosa possível, e o prêmio por todo o nosso esforço é a morte. Bom ou mal, rico ou pobre, homem ou mulher, tudo, mas tudo mesmo, acaba em morte. Animal ou vegetal, o fim é a morte. Oras... se independente do que fizermos termina em morte, porque ela é vista como algo ruim, surpreendente e chocante? Acredito que seja pelo fato de encerrarmos tudo que vínhamos fazendo, sem um ponto final que gostaríamos. Não ter mais a companhia das pessoas que amamos e principalmente por não sabermos colocar um final feliz em nossa história de vida, ou seja, nesta passagem o final da história de vida é inesperado para o próprio autor, que somos nós.
Com a notícia deste meu amigo, meus pensamentos passaram a girar da seguinte forma: porque devo deixar algo para depois? Porque não faço aquilo que me dá prazer imediatamente? Porque não deixo claro, rapidamente, o que quero e penso? Tenho que fazer com que cada minuto de minha vida valha a pena, porque, de forma inesperada minha vida pode acabar e posso passar por essa vida como um incompreendido. Penso que todos não querem ser lembrados por obras inacabadas, apesar das testemunhas que escolhemos. Resolvi então aproveitar sobremaneira, ainda mais, os minutos que tenho, em virtude de que cada minuto que passa não volta mais e os próximos que tenho, tenho duas saídas: ou dedico alguns minutos para explicar algo que ficou mal entendido, ou aproveito esses minutos em favor de minha felicidade. A segunda alternativa parece-me mais agradável.
O filme em cartaz que conta a história de Benjamin Button (aquele personagem que nasce velho e com o passar do tempo vai ficando mais novo), nos faz refletir, pois, dentro deste ponto de vista de que cada minuto tem que valer a pena, percebi que independente se nossas vidas vão de 0 a 100 anos de idade, ou de 100 a 0 anos, os minutos continuam preciosos. O caracol mental que isso proporciona é que não temos conhecimentos suficientes para saber administrar tudo isso, e talvez a magia da vida seja esta: o inesperado. Principalmente quando nos deparamos com aquelas situações em que o tempo parece ser perdido: dormir demais, sedentarismo, brigas e discussões com pessoas que amamos, e tantas outras armadilhas que caímos, armadas por nós mesmos.
A conclusão que eu cheguei é que: não importa o que venha a ser ou acontecer, vou dedicar mais prazer, mais alegria e ser mais objetivo aos meus sentimentos, pois se tempo é dinheiro, o minuto de nossas vidas é preciosidade e precisa ter o máximo de valor possível. Temos que fazer de tudo para que cada minuto seja em favor da felicidade, do prazer e da alegria, pois, acredito que não estamos neste mundo para sermos infelizes. Se Deus é nosso Pai, e somos todos filhos de Deus, pai nenhum gostaria que o filho fosse infeliz, e jamais proporcionaria um ambiente infeliz para que o filho vivesse. Assim sendo, se não somos felizes o suficiente e da forma como o nosso Pai gostaria, é por não sabermos e estamos tendo escolhas ruins. Cabe a nós procurarmos fazer com que cada minuto de vida valha a pena. Que tal começarmos a valorizá-lo já, em nome da própria felicidade? Eu já comecei. Nunca é tarde independente da idade. O pior deve ser, terminar a nossa história de vida sem um final feliz. Se não for possível finalizarmos bem, que deixemos sinais de que o final era para ser feliz e que todos saibam que você passou por aqui, e procurou ser feliz. Que meu minuto de vida tenha valido a pena. Quer presente melhor para um Pai, saber que o filho foi feliz na vida que teve? Pense nisto.

Márcio C Medeiros é radialista e jornalista.
E-mail: marcio@medeiros.jor.br.
BLOG: http://marcio-medeiros.blogspot.com