Título: ARTIGO - A prevenção é o melhor remédio para úlceras de pressão e escaras
 
Eliane Amanda Simões e Rubiana Souza Gonçalves

As úlceras por pressão (também conhecidas como escaras) são definidas como lesões de pele importantes causadas por diminuição ou interrupção da circulação sanguínea em um determinado local do corpo humano por imobilidade total ou parcial de uma pessoa que está acamada ou dependente de uma cadeira de rodas por longos períodos.

Qualquer posição mantida por uma pessoa durante um longo período de tempo pode provocar este tipo de lesão, principalmente em locais sobrepostos a uma protuberância óssea.

Os fatores que predispõem ao aparecimento destas lesões são: mobilidade prolongada, nutrição inadequada, idade avançada, pele úmida (urina por exemplo), tabagismo, febre, alterações cognitivas e lesão de coluna medular.

O primeiro sinal da úlcera de pressão é a vermelhidão local, causada pelo fato do corpo tenta suprir o tecido carente de oxigênio, ficando evidente que uma das metas mais importantes que deve ser alcançada para que se obtenha uma boa recuperação da pessoa acometida é aliviar a pressão através de mudanças de posição freqüentes.

As úlceras de pressão ocorrem com maior freqüência nas regiões glúteas, calcanhares, laterais das coxas, tornozelos e orelhas.

As principais causas deste tipo de lesão em pessoas acamadas podem ser a fricção contínua podendo causar danos a pele quando a pessoa é arrastada na cama, em vez de ser levantado. Outra causa é a mobilidade prejudicada, que é a capacidade da pessoa de aliviar a pressão através do movimento e contribuir para seu bem estar físico e psíquico. As principais condições que contribuem para a imobilidade são: o derrame cerebral, a artrite, a esclerose múltipla, a lesão medular, o traumatismo craniano, a sedação excessiva, a depressão e fraqueza. Uma terceira causa não menos importante é a má nutrição, porque contribui para diminuir a tolerância da pele à pressão. São recomendadas dietas calóricas, ricas em proteínas e carboidratos.

As ações preventivas recomendadas referem-se à atenção constante às alterações da pele; manutenção da higiene corporal da pessoa e do leito; atenção a mudança de posição no mínimo a cada 2 horas aliviando a pressão e massagem de conforto com um creme hidratante antialérgico a base de água, além de outras medidas como a movimentação passiva das pernas, deambulação precoce, recreação, dieta e controle de ingestão líquida e orientação da pessoa e família quanto às possibilidades de aparecimento destas úlceras por pressão. A higiene corporal deve ser realizada evitando o uso de sabão comum, soluções irritantes e água quente para evitar ressecamento. Deve-se usar sabonete neutro. A pele deve ser limpa e devem ser removidos todos os resíduos de soluções e mantê-la completamente hidratada, porém seca. A cama deve ser limpa e seca, com roupas de tecido não irritantes, lisos, não engomados e sempre esticados evitando dobras. Coberturas plásticas ou protetores de cama devem ser evitados, pois causam suor excessivo e maceração da pele. O uso do colchão próprio, como colchão de espuma, de ar, gel ou água, redistribui o peso corporal, reduzindo a pressão à medida que a pessoa afunda no fluído, propiciando uma superfície adicional que auxilia na sustentação do corpo, além de reduzir o peso corporal. A mudança de posição deve ser indispensável e realizada a cada 2 horas. O reposicionamento recupera as isquemias pela interrupção da pressão. Caso existam áreas avermelhadas a pessoa deve ser mudada de posição com mais freqüência e a área mais protegida. Entre outros cuidados preventivos estão os exercícios ativos e passivos, que são essenciais, pois aumentam o tônus muscular da pele, ativa a circulação, aumenta a demanda de oxigênio, reduz a isquemia e a elevação das pernas promove o retorno venoso, melhorando a circulação. Lembre-se sempre: a prevenção sempre é a melhor conduta.

Eliane Amanda Simões é enfermeira da Unidade de Clínica Médica e Cirurgica, e Rubiana Souza Gonçalves é enfermeira do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar
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