Título: Vendas de agosto são sinais de alerta, diz dirigente da Acim
 
Daniel Alonso é o presidente do Conselho Consultivo da Acim e fala sobre o varejo
 
O presidente do Conselho Consultivo da Associação Comercial e Industrial de Marília (Acim), Daniel Alonso, em conversa com o presidente da diretoria da entidade, Sérgio Lopes Sobrinho, mostrou-se preocupado com os dados de agosto quanto as vendas no varejo. Segundo o dirigente as vendas a prazo registraram crescimento de 4,4% em agosto frente a igual mês do ano passado beneficiadas pelo acréscimo de um dia útil. Ante o mês anterior, o avanço foi menos expressivo, de 1,5%, em razão do recuo das vendas após o Dia dos Pais e pelas oscilações climáticas, que contribuíram para desestimular o início da venda de vestuário da coleção primavera-verão. “Isto mostra que o momento econômico justifica a decisão recente do Banco Central atento aos reflexos da crise externa na nossa economia, que tem também um efeito de amortecer a alta de preços no mercado interno”, falou o dirigente que está acompanhando a performance do BC, que determinou corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juro, situando-a em 12%. Foi a primeira redução desde 2009.

Segundo Daniel Alonso o resultado do comportamento no varejo foi obtido por meio da análise dos dados da empresa da ACSP, Boa Vista Serviços (BVS), que edita este Diário do Comércio, e administra o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). Destacando a diminuição do ritmo das vendas, o presidente do Conselho Consultivo da Acim, lembrou que do dia 1 até o dia 28 de agosto, em comparação com igual período do ano passado, houve o mesmo total de dias úteis e esse período registrou elevação de apenas 1,2% no levantamento dos dados da ACSP e recuo de 0,6% nos dados sobre emissão de cheque. “Isto não demonstra descontrole”, alertou. Os registros recebidos (pagamentos em atraso) apresentaram elevação de 17,7% em agosto frente a igual mês do ano anterior. E os cancelados (débitos quitados) cresceram 17,4% na mesma base de comparação. “Isso sinaliza que a inadimplência tende a permanecer em um patamar alto, mas sob controle, enquanto não houver aumento no desemprego”, comparou Daniel Alonso.

Para o dirigente mariliense é preciso analisar o cenário internacional com cautela, pois há indícios de que a crise econômica externa poderá se prolongar pelos próximos dois anos. “É preciso ressaltar que atualmente não se trabalha com um cenário de pânico como o de setembro de 2008”, recordou. “Nas atuais condições, as vendas internas brasileiras devem continuar mornas até o final do ano”, prevê. “Um fator positivo que nos distancia do que ocorreu há três anos, é que o nosso BC agiu agora mais rapidamente diante das agitações externas”, opinou ao lembrar que na crise de 2008, a instituição demorou cerca de três meses para começar a baixar as taxas de juros, que só começaram a cair em janeiro de 2009. “Desta vez, o BC está mais atento e já sinalizou que agirá mais rapidamente caso seja necessário”, acredita o dirigente. “Isso tranquiliza o setor produtivo”, falou Daniel Alonso.