Mrcio Medeiros
Tenho acompanhado inmeras pessoas que assumem as funes de presidente, diretores, coordenadores e conselheiros, em instituies de classe, principalmente. Todos eles ocuparam e ocupam cargos sem remunerao e sempre questionei os motivos que levam essas pessoas a se comprometerem por uma causa coletiva. Observei que todos eles num primeiro momento recusam o cargo, dificultam a indicao e muitos at se sentem ofendidos quando so lembrados. No entanto, depois da resistncia, se transformam e passam a dar a vida pelo trabalho na instituio voluntria.
J vi pessoas que de tanto envolvimento colocaram o trabalho voluntrio como prioridade em suas vidas, deixando a famlia, os negcios e os amigos em planos inferiores. Aprendi, que isso no bom, como tudo que exagerado deve sempre ter o bom senso. Mas, por outro lado, admiro quem consegue ter prazer em desenvolver trabalho voluntrio, e ainda assim, administrar bem as questes pessoais e profissionais. Mas a pergunta que fao, sempre, o que leva uma pessoa dedicada, destacada em sua categoria e normalmente bem relacionada, a ser um voluntrio empresarial? Defino como sendo voluntrio empresarial aquele que faz trabalhos gratuitos, assume responsabilidade civil e criminal, por uma atividade de classe, sem qualquer ganho financeiro.
Da mesma forma que acredito ser o reconhecimento de seus companheiros ou da comunidade em que faz parte o combustvel do voluntrio social, penso que esse reconhecimento tambm o que motiva um voluntrio empresarial. O ser humano necessita do reconhecimento e da compensao moral. Vamos lembrar do aperto de mo, dos abraos, dos beijos que recebemos dos outros e que nos fazem bem. So milhares de centenas de pessoas que desenvolvem trabalhos voluntrios, na busca de um reconhecimento, seja ele qual for. A gratido de poder ter feito algo por outra pessoa impagvel e no possvel mensurar o valor financeiro deste ato. Sentir o sorriso, a satisfao e ver a melhoria na qualidade de vida de outro ser humano, algo que dignifica qualquer pessoa que tem a capacidade de mudar a vida de um semelhante. Quem j teve essa sensao sabe do que estou dizendo. Acredito que seja isso que faz com que pessoas de bem, aceitem o compromisso de fazer com que a vida das pessoas mudem, dentro das possibilidades e limitaes de cada um.
Quem assume a presidncia de um grupo de voluntrios tem que ser admirado sempre. No qualquer um que tem essa coragem, e por no ser qualquer um, a admirao tem que ser dobrada. O respeito que temos que ter com o voluntrio empresarial muito grande, pois, colocar o prprio nome, o comportamento e principalmente a histria pessoal de vida para ser julgada pelos outros, no parece-me algo para qualquer um, e sim, digno de pessoas especiais. Desta forma, fao uma reflexo neste sentido, sugerindo para que passemos a olhar, com um outro olhar (o olhar da gratido), para essas pessoas que sempre so ocupadas e mesmo assim, encontram tempo para estudar, planejar e agir em favor de um segmento, seja ele social ou profissional, mas sem qualquer ganho financeiro, que neste mundo capitalista tem valor e necessrio.
Vamos reconhecer nesses voluntrios empresariais que o desejo deles vale a pena. Independente do sucesso que eles venham a ter, ou no, o que importa mostrar a coragem de se colocar ao julgamento do outro, que sabemos que nem sempre justo, mas, o que mais acontece. Assim sendo, sado todos esses voluntrios empresariais e digo que, por causa da iniciativa deles, nossa sociedade est melhor, pois quem competente na vida pessoal, familiar e empresarial, pode ajudar de alguma forma a categoria social ou profissional que faz parte. O que no posso admitir a omisso de algumas pessoas, pois, se so vencedoras devem saber lidar com as diferenas e ensinar aos demais, como fazer para contornar os obstculos e atingir a vitria. Aprendizado que no repassado, no me parece ser uma viso e comportamento inteligentes.
Se o estmulo para o voluntrio empresarial o reconhecimento, vamos admitir que a presena dele (por si s), j merecedor de todos os agradecimentos de uma comunidade. Imaginem se ningum se dispusesse a assumir esse compromisso, pois, como costumo dizer: quem no se envolve no se desenvolve.
Mrcio Medeiros radialista e jornalista marcio@medeiros.jor.br BLOG - http://marcio-medeiros.blogspot.com
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